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De volta ao Brasil, jovem que participou da JMJ fala sobre a experiência de Lisboa

Os jovens que participaram da 37ª Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em Lisboa (Portugal), realizada entre os dias 1º e 6 de agosto, já retornaram ou estão retornando para suas realidades.

É o caso de Mailla Beatriz Louzada de Oliveira, uma jovem de Ribeirão Preto (SP) que atua na pastoral juvenil do Colégio Auxiliadora daquela cidade, e que representou os jovens do Brasil que frequentam as presenças das Irmãs Salesianas, oficialmente chamadas Filhas de Maria Auxiliadora (FMA).

Mailla chegou em São Paulo na manhã de quarta-feira, 9 de agosto. Na tarde do mesmo dia, ela se encontrou com a comunidade FMA que reside na sede da Inspetoria Nossa Senhora Aparecida (BAP) para partilhar a sua experiência.

Em seu relato, Mailla “transbordou” entusiasmo, alegria e muita gratidão pela oportunidade de representar uma parcela da juventude brasileira tanto na JMJ quanto no WYD Don Bosco 23, que é um encontro específico para os jovens do Movimento Juvenil Salesiano.

Mailla iniciou sua conversa partilhando uma inquietação: «dentro do meu coração estava batendo algo muito forte…», o que a fazia questionar-se se estava no caminho certo: «Será que estou conseguindo evangelizar os jovens?». Foi em meio a esta inquietação que surgiu o convite para participar da JMJ.

Sentindo-se indigna deste convite, Mailla confessa que inicialmente teve vontade de dizer “não”, porque não sabia se daria conta de viver bem esta experiência e se depois seria capaz de transmiti-la. Mas, enfim, aceitou o desafio.

Mailla contou que, durante a viagem de São Paulo a Lisboa, ficou se perguntando: «Meu Deus, qual vai ser a minha reação quando eu vir o Papa? Qual vai ser a minha reação quando eu encontrar com a Família Salesiana?» Tudo porque Mailla sentia a responsabilidade de não só dizer, mas de ser de fato “salesiana”.

Em sua partilha, a jovem contou em detalhes como foi cada momento da JMJ, desde a acolhida inicial até a Missa de encerramento, presidida pelo Papa Francisco.

Muitas emoções, momentos inesquecíveis

Mailla relatou com emoção algumas vivências, classificadas por ela como as mais significativas. A primeira foi a participação à Feira Vocacional, na qual ela foi convidada para “vestir-se” de Dom Bosco. Mailla disse que estar disfarçada de Dom Bosco foi algo surpreendente: «o meu olhar de dentro do boneco era muito interessante porque as pessoas o tempo inteiro gritavam: “Dom Bosco, Dom Bosco”, e me abraçavam. As pessoas não me viam, mas eu conseguia enxergar a alegria das pessoas por verem Dom Bosco». Mailla disse também que «foi muito interessante este olhar, das crianças, das pessoas que falavam: “Dom Bosco, eu amo você!”… eu estava ali escondida, mas eu tive este privilégio de ouvir e sentir este amor que as pessoas emanavam».

Outro momento que Mailla viveu intensamente foi o encontro com Madre Chiara Cazzuola, Superiora geral do Instituto das FMA. Segundo Mailla, Madre Chiara «é muito humana. Quando eu vi ela, meu coração ficou muito, muito feliz».

Na Celebração Eucarística de abertura do encontro da juventude salesiana, Mailla fez parte da procissão de entrada, carregando a bandeira do Brasil. «Este foi um dos momentos mais fortes para mim. (…) eu olhava a bandeira e comecei a pensar em tantas pessoas que eu estava representando. Eu lembrava de nomes, de casas, de Irmãs (…), das casas que eu conheci e das que não conheço, dos jovens, da alegria dos jovens lá de Ribeirão (…) eu não estava carregando só uma bandeira, eu estava carregando toda uma galera». Mailla descreveu este dia como muito especial, dia em que se sentiu salesiana de verdade: «nesse dia eu me senti parte da família (…) lá todo mundo me via como uma jovem salesiana. Então, pra mim isso foi muito especial. Eu falei assim: “eu sou da família, eu estou aqui”. Ali eu me dei conta do porquê estava ali».

O encontro dos jovens com Papa Francisco

Ponto culminante desta experiência foi o encontro com o Papa Francisco. Mailla cultivou em si a esperança de poder ver o Papa de perto, e fez de tudo para que isso acontecesse. «Consegui chegar pertinho…». Quando o Papa foi se aproximando, Mailla conta que começou a chorar, e que não queria vê-lo pelo telão e nem pela tela do celular. «Eu quero ver ele com os meus olhos… é a oportunidade que tenho para vê-lo, não quero ver pela tela». E Mailla conta que chorou muito: «Senhor, que experiência! (…) eu disse: “estou em Portugal, estou vendo o Papa com os meus olhos” (…) eu chorava como criança.»

Mailla disse que naquele momento em que via o Papa com seus olhos, era como se passasse um filme pela sua cabeça. Recordou o início de sua vida de fé, a catequese, o que faz na sua paróquia, as pessoas para as quais foi importante, que conseguiu ajudar. Aquele momento «foi me trazendo muitas memórias de fé, da minha vida».

Do encontro com o Papa, Mailla destacou a frase de Francisco que está circulando muito pela internet: “A Igreja é para todos”. Também ressaltou o fato de que, por Francisco estar sempre na cadeira de rodas, isto não foi um empecilho para encontrar-se com os jovens. Segundo o relato de Mailla, o Papa Francisco não precisa nem falar, só pela sua presença «ele exala muitas coisas, muita bondade, muita paz». Referindo-se ao grande número de jovens presentes no evento, Mailla destacou ainda o momento em que todos, a convite do Papa Francisco, rezaram o Pai Nosso na própria língua: «você sente algo muito especial, essa multidão de pessoas ali, em prol da mesma coisa (…) não consigo nem mensurar a imensidão disso».

Na missa de encerramento, Mailla buscou se aproximar ainda mais para ver o Papa de perto: «foi muito bonito ver ele passando, quero guardar isso muito forte dentro do meu coração (…) esse homem que evangeliza mesmo sem precisar falar». Evangeliza «de fato com as ações dele. Ele verdadeiramente vive tudo aquilo que ele prega, que ele fala». «Ele dava tchau, ele rezava… ele brincou muito com todo mundo, ele riu… ele conseguiu trazer aquilo que a gente esperava».

50% moçambicana… Voltar para transbordar

Durante a JMJ, Mailla ficou hospedada num colégio com participantes de Moçambique e Angola. Disse que também esta experiência de interação foi marcante e que aprendeu muito com eles. «Agora sou 50% moçambicana, porque depois eu só andei com eles». Mailla recorda quando as pessoas perguntavam: “de onde vocês são”, «todo mundo: “Moçambique”. Eu já nem falava que era do Brasil. Era tudo Moçambique, Moçambique!».

Fazendo menção ao Ano Vocacional, Mailla destacou ainda como muito positivo os jovens poderem ver o lado humano e a proximidade dos religiosos e religiosas que estavam presentes, na JMJ, acompanhando seus grupos.

«A semana passou tão rápido que eu nem percebi… Eu só conseguia agradecer por tudo o que Deus conseguiu me mostrar, por todas as pessoas com as quais eu consegui me conectar, que eu consegui me aproximar, principalmente o pessoal de Moçambique… a gente teve uma troca muito positiva.»

No Santuário de Fátima, que Mailla teve a oportunidade de conhecer depois da JMJ, ela observou muito a devoção das pessoas: «muito sol, as pessoas, muitos jovens caminhando de joelhos, pagando suas promessas, fazendo suas penitências».

Por fim, Mailla disse que estava com muitas saudades do Brasil, porque a JMJ fez «com que eu valorizasse as coisas que tenho; eu queria voltar logo para transbordar isso para as pessoas, contar a experiência (…) eu quero que as pessoas vejam o quanto estou vibrando por essa experiência».

Na conclusão da conversa de Mailla com a comunidade FMA da casa inspetorial, as Irmãs puderam fazer-lhe algumas perguntas e, juntas, imortalizaram o momento com uma bonita fotografia.

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