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É tempo de fazer memória: de geração para geração

No dia 08 de março de 1926, o Instituto São José, então Externato São José, abriu seus portões para receber, suas primeiras 30 alunas, inaugurando o início de uma grande história que ainda está sendo escrita pela sua Comunidade Educativa.

Portanto, é tempo de fazer memória! Fazer memória não é alimentar um sentimento saudosista. Mas, saber colher na história do Instituto São José, feita de fidelidade criativa à educação, segundo o Sistema Preventivo, o que motivou e motiva tantas Irmãs, Educadoras e Educadores a se doarem e a assumirem os valores da pedagogia salesiana: amor demonstrado, familiaridade, dialogicidade, reciprocidade e amorosidade. 

Para tanto, voltemos no tempo! 

16 de março de 1892, dez Filhas de Maria Auxiliadora, Salesianas de Dom Bosco, e duas Noviças, provindas de Montevidéu, Uruguai, chegam à região do Vale do Paraíba, mais precisamente em Guaratinguetá, SP, no Instituto Nossa Senhora do Carmo, iniciando assim a história das Filhas de Maria Auxiliadora no Brasil, logo considerada fundamental para educação feminina da região e motivo para inúmeros pedidos de novas fundações.

23 de março de 1923, Irmã Assunta Sublaid e Irmã Rosalina Frazão, vindas de Guaratinguetá, chegam a São José dos Campos para tratamento de saúde. Irmã Rosalina, apesar de acometida pela tuberculose, desempenhou importante papel na história da fundação do Externato São José entrelaçada com sua história de vida. Assim se recordava daqueles tempos:

“Ao despedir-me de Monsenhor João Filippo, sacerdote italiano que trouxe as primeiras Filhas de Maria Auxiliadora para Guaratinguetá, disse-lhe: “Monsenhor, vou para São José dos Campos, vou para morrer lá. Venho despedir-me, abençoe-me e reze para que eu tenha uma boa morte”. O bondoso e paterno Monsenhor sorrindo, pôs a mão sobre a minha cabeça, dizendo: “Vai ainda trabalhar e sofrer muito.”.

Dois meses depois de minha chegada, 22 de junho de 1923, o Vigário Padre Francisco José Monteiro, durante uma visita à Casa Madre Mazzarello, comunicou às Irmãs enfermas que, em breve, iniciaria a construção de uma nova Matriz, referindo-se à necessidade de um Colégio para as meninas joseenses. Particularmente, conversou comigo sobre a fundação de um Externato e de um Oratório festivo, prometendo-me que encontraria benfeitores e afirmando que já estava procurando um terreno em lugar adequado. Na verdade, Irmã Assunta e eu achávamos impossível a realização deste sonho, porém, deixávamos tudo nas mãos de Deus, dizendo:  “Se Deus quiser tudo se arranjará, e se não quiser…”, mas no fundo do meu coração sentia ser este o trabalho que Nosso Senhor me queria dar”

No dia 23 de julho do mesmo ano, o Revdo. Vigário e o Prefeito, Cel. João Cursino, levaram-me para visitar o terreno que a Câmara doaria para o futuro Externato. Fiquei muito satisfeita…mas, ao apresentar a proposta às Superioras, a resposta foi pronta e negativa. Para não contrariar o Sr. Vigário, dizíamos que era bom deixar para falar mais tarde porque, no momento, muitos problemas preocupavam as superioras.

Numa ocasião, creio que em maio de 1924, a procissão das Filhas de Maria nos encheu de entusiasmo e Irmã Marcina e eu, na janela da residência, assistindo à passagem do cortejo, conversávamos sobre a piedade do povo joseense. De repente, ela disse-me: “A Madre bem podia abrir um Externato aqui, sim. Nós duas podíamos dar aulas e mais tarde, se for conveniente, uma escola Profissional. O povo é simples e bom, e é pobre em sua maioria. Eu sei cozinhar bem! Ensinarei a cozinhar”  E assim fazíamos castelos…

Neste meio tempo, o Senhor Vigário tornou a falar com a Inspetora que consultou o Centro do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora, em Roma, sobre a fundação do tão almejado Externato. A resposta das Madres foi negativa, afirmando ser um despropósito abrir, anexo a uma casa de tuberculosas, uma escola para crianças! A partir daí não se falou mais no Externato, mas rezávamos muito.

O Vigário não desistia da ideia e me dizia, repetindo sempre: “Irmã Rosalina, o nosso Externato há de sair, não é? ” E eu respondia tranquilamente: “Por certo, senhor Vigário, é esperar a hora de Deus.

Irmã Marcina piorava e um dia, disse-me: “Ir. Rosalina, agora vejo que o Externato não é para mim. Mas, é para a senhora. A senhora trabalhe aqui, na terra, que eu a ajudarei lá do céu. Não tenha receio…aqui não posso nada, mas no céu…Hei de auxiliar muito a senhora na realização do nosso ideal”. No dia 21 de julho de 1924, Irmã Marcina faleceu.

Na sua missa de sétimo dia, quando deixava a Igreja Matriz, um grupo de senhoras se apresentou e me disse: “Irmã, pedimos muito a Irmã Marcina que arranje, com Nosso Senhor, o nosso Externato e agora entregamos a senhora a realização dessa obra de Deus. A senhora sarou aqui e São José que a curou, pede-lhe isto. Eu estremeci! ”

Alguns dias depois, fui a Guaratinguetá e aproveitei para consultar Monsenhor Filippo sobre os últimos acontecimentos. O Santo velhinho olhou para o céu, sorriu e pondo a mão sobre a minha cabeça, recomendou-me: “Trabalhe minha filha, a obra é de Deus. São José será seu protetor na vida e na hora da morte. ” Voltei cheia de esperança, acreditando no futuro.

Apesar das muitas dificuldades, o sonho se tornou realidade! A Superiora Geral, Rev.ma Madre Luigia Vaschetti, representada pela Inspetora das FMA no Brasil, Madre Anna Covi, aceitou a oferta, para a construção do edifício com a ajuda da população que ofertou cinquenta e seis contos.

No dia 22 de outubro de 1924, Madre Anna Covi veio de São Paulo para assinar a escritura do terreno oferecido pela Câmara Municipal. 

No dia 25 de dezembro, do mesmo ano, foi colocada a pedra fundamental do novo edifício, construído na atual Avenida Dr. Nelson D’Avila, esquina com a Dolzani Ricardo, como reza, no início da primeira Crônica do Externato São José:

“No dia 25 de dezembro 1924, com a presença da Madre Inspetora, houve a benção da pedra angular do Edifício. A Ata foi lida pelo Rev.mo Pároco Pe. José Francisco Monteiro e assinada pelas autoridades (da cidade) presentes. Durante a cerimônia, o ilustríssimo Professor Alfredo Vieira de Moura pronunciou um vibrante discurso em nome do povo de São José dos Campos; o Rev.mo Dom Ottaviano de Oliveira falou em nome do Instituto como representante do Reverendo Inspetor dos Salesianos, Pe. Pedro Rota, em visita às Casas do Brasil. Juntamente com a pedra, foi colocada uma caixa metálica com a escritura, uma imagem de Madre Mazzarello e medalhas do Sagrado Coração, Maria Auxiliadora, de São José e do jornal do dia. Com um brinde, oferecido pelo Senhor Pároco às autoridades, a festa, que tantas belas esperanças pelo futuro havia deixado em todos, foi encerrada. ”

Finalmente, graças ao apoio incondicional do Prefeito da época, da Câmara Municipal, do Sr. Vigário, Padre José Francisco Monteiro e das Famílias joseenses que muito desejavam um colégio católico para suas filhas, o Externato São José abriu oficialmente suas portas às crianças joseenses, no dia 08 de março de 1926.

A primeira Comunidade era composta pelas Irmãs Natalina Ferraris, Diretora;.Maria de Lourdes Pereira e Rosalina Frazão, professoras;. Regina Alves, professora de música e Carlota Rena, professora de trabalhos manuais. 

O tempo passou…95 anos depois, a Comunidade Educativa-Pedagógica e Pastoral do Instituto São José continua dando vida ao sonho de Irmã Rosalina, Irmã Assunta, Irmã Marcina, do Padre Monteiro, do Cel. João Cursino, dos joseenses dos anos 20, colocando, no centro de sua ação educativa, a pessoa e desafiando-a caminhar em busca de atingir a plenitude do ser, a plenitude de si mesma.

Como Comunidade Educativa- Pedagógica e Pastoral, hoje, rendemos graças a Deus por tanto bem que já se fez e se faz nas terras abençoadas de São José dos Campos e pedimos que o Externato São José de 1926, continue educando e evangelizando e evangelizando educando a juventude do nosso tempo.

Fonte: Crônica do Externato São José – arquivo do Instituto São José

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