Nos dias 03 e 04 de outubro, o Colégio Salesiano de Itajaí (SC) sediou o XVIII Congresso do Sistema Preventivo de Dom Bosco, que reuniu mais de 250 participantes vindos dos estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.
O evento foi uma iniciativa conjunta das Inspetorias São Pio X, de Porto Alegre (RS), e Nossa Senhora Aparecida, de São Paulo (SP), tendo como tema “Construindo um futuro de esperança” e como lema “Do Sonho à Missão: Agradecer, Repensar e Relançar”.
O congresso buscou reafirmar os valores do Sistema Preventivo — método educativo criado por São João Bosco e pautado no tripé razão, religião e amorevolezza — como caminho de formação integral da juventude, em sintonia com os desafios do mundo contemporâneo.
Tudo revestido de gratidão
Dando continuidade ao que foi refletido e vivenciado pelos participantes durante o primeiro dia, na manhã do sábado (4), dia dedicado a São Francisco de Assis, os trabalhos tiveram início com a Celebração Eucarística, presidida pelo Vice-Inspetor salesiano, Padre Sérgio Ramos de Souza, e concelebrada pelos padres Ademir Ricardo Cwendrych, Inspetor, e Assis Moser, Diretor da Teologia.
Durante a homilia, Padre Sérgio destacou que «a missão não é nossa. A missão é de Deus, e por vezes, nós temos dificuldade de compreender isso». Porque, «a gente às vezes quer ser dono da missão, dono dos projetos, dono dos alcances daquilo que nós fazemos. Mas a missão é sempre de Deus, e nós somos colaboradores, instrumentos desse projeto de Deus».
Padre Sérgio, associando a memória histórico-carismática com as leituras da liturgia, recordou quatro fatos da vida de Dom Bosco nos quais ele chorou: no sonho dos nove anos, na falta de um lugar para o Oratório (Dom Bosco não sabia aonde levar os meninos), na despedida dos primeiros missionários que partiram para a América do Sul, na celebração da eucaristia na Basílica do “Sacro Cuore”, diante do quadro de Maria Auxiliadora, onde ele compreendeu sua missão.
Padre Sérgio motivou os congressistas a «aprender a pedir o dom das lágrimas, para sermos capazes de sensibilidade ao mundo dos jovens», porque «as lágrimas de Dom Bosco têm que continuar em cada um de nós, educadores e educadoras. Lágrimas de educadores e educadoras, sensíveis à realidade dos jovens, dos nossos interlocutores».
A celebração teve dois momentos especiais: a procissão de entrada com símbolos trazidos por representantes de cada comunidade educativa, e o encerramento, com uma homenagem a Nossa Senhora Auxiliadora, na qual os participantes iluminaram o ambiente com pequenas luzes e depositaram flores diante da sua imagem.
Na sequência, Irmã Cleonice Lourenço (FMA), da equipe coordenadora do evento, ajudou os participantes a fazerem memória das vivências do primeiro dia, recordando diferentes momentos impregnados pela dimensão da gratidão. Cada congressista foi desafiado a eleger uma frase-síntese do dia anterior.
Missão Salesiana: um chamado à esperança
O Congresso teve continuidade com a palestra “Missão Salesiana: um chamado à esperança”, conduzida pelo Salesiano Padre Assis Moser, que dividiu a sua intervenção em três momentos: apresentação de alguns personagens cuja vida fala de esperança, depoimentos sobre esperança, indicação de caminhos para viver a esperança.
Padre Assis, ao falar sobre o Oratório como herança carismática de Dom Bosco, afirmou que cada jovem quando se encontra na frente de uma casa salesiana, deveria dizer: «aí é a minha casa, aí eu me sinto bem. Aí eu posso chegar, porque tem gente que me ama».
Recordou também que, quando alguém perguntava para «os meninos de Turim e Valdocco: “onde você está indo?” “Estou indo para o Oratório”. “Onde é o Oratório?” “É lá onde tem um padre que me ama” – que era Dom Bosco». «Por isso, minhas irmãs e meus irmãos» – continuou Padre Assis – «nós podemos ter as melhores estruturas, mas se nós não tivermos o coração de Dom Bosco, o coração salesiano… não vai dar nada. Isso é fundamental. Ali no colégio salesiano, lá na obra social, lá na paróquia, no colégio Auxiliadora, tem gente que me ama. Isso é viver o Sistema Preventivo».
Enfim, Padre Assis deixou como tarefa e empenho para os congressistas, a vivência da espiritualidade da esperança. «Somos chamados a viver a espiritualidade da esperança! A esperança é fonte de um grande dinamismo… sem ela não seremos Família Salesiana, na Igreja, na missão a serviço do Reino…com os jovens!».
Viver a esperança no Voluntariado Missionário
Após o intervalo, os congressistas tiveram a oportunidade de acompanhar uma Roda de Conversa, como experiência concreta de escuta dos jovens.
Padre Edvaldo Nogueira da Silva, Salesiano de Joinville (SC) e Irmã Cleonice Lourenço, FMA de Lorena (SP), dialogaram com dois jovens Giuliane, de Ribeirão Preto (SP) e Hector, de São José dos Campos (SP), que deram o seu testemunho como ex-alunos e jovens envolvidos com a missão e comprometidos com sua fé.
A partir do relato dos jovens, ficou evidente o quanto o Voluntariado Missionário não é uma atividade, mas um estilo de vida.
Ambos compartilharam situações concretas de suas vidas nas quais foram sustentados pela experiência que tiveram numa casa salesiana, ou seja, beberam «na fonte da espiritualidade salesiana no tempo do colégio, e depois, entrando na universidade», foram convidados «a compartilhar isso com outros jovens».
Hector destacou o símbolo da cruz missionária como «sua principal fonte de evangelização», porque muitas pessoas lhe perguntam o que ela significa. Sente-se realmente “filho” das Filhas de Maria Auxiliadora, por isso concluiu sua fala invocando a “Vovó” (ndr. Maria Auxiliadora), convidando os congressistas a dizerem: «Põe tua mão minha Rainha, põe tua mão antes da minha».
Giuliane, em seu depoimento, entre tantas iniciativas destacou sua atividade com um grupo de ex-alunos: «Antes o carisma vinha até a gente, porque estávamos na escola. Agora que não estamos lá, nós temos que buscar o carisma. Mas o carisma está dentro da gente!», afirmou. Convidou os congressistas a não terem medo de anunciar o Evangelho, pois a vida de cada um «é talvez o único evangelho que as pessoas vão ler». E concluiu: «Aprendi com vocês, educadores, então eu também sou educadora, lá no meu ambiente, no trabalho, em qualquer lugar».
Ao final, foram dirigidas duas perguntas aos jovens que, com desenvoltura e convicção, responderam dando ainda outros exemplos de suas experiências missionárias. E desafiaram os congressistas «a não perderem a esperança!».
Atualizando a primeira expedição missionária
Já no período da tarde, os congressistas participaram de oficinas sobre o Voluntariado Missionário que foram conduzidas por diversos jovens. Nelas, foram propostos o aprofundamento histórico e a atualização da primeira expedição missionária dos Salesianos (1875), uma dinâmica em grupo para contar e partilhar histórias de vida de diferentes categorias de jovens e uma “obra-de-arte” coletiva para fazer entender como os congressistas podem ser missionários de esperança hoje.
Em seguida, os Inspetores – Irmã Alaíde Deretti e Padre Ademir Ricardo – dirigiram palavras de conclusão e de agradecimento, ajudando assim a preparar os participantes para a Celebração de Envio, que aconteceu em grande estilo: no pátio, lugar privilegiado nas casas salesianas, lugar de encontro, de convivência, de evangelização. Houve a entrada solene da imagem de Nossa Senhora Auxiliadora, uma breve partilha entre os membros das delegações que destacaram suas experiências de pátio, ou seja, «qual foi a experiência de pátio mais significativa em sua vida?» e o tocante momento da bênção final, dada pelos jovens a todos os congressistas.
Assim como o XVIII Congresso do Sistema Preventivo teve início com a apresentação da Banda Marcial do Parque Dom Bosco, lá estava ela novamente, concluindo o evento, compartilhando o seu repertório musical e animando as despedidas dos congressistas que, agora, retornam para suas casas e comunidades, “Construindo um futuro de esperança”, passando “Do Sonho à Missão”, pois é preciso “Agradecer, Repensar e Relançar”.
O Congresso continua…
«Estamos aqui no 18º Congresso do Sistema Preventivo de Dom Bosco. E para mim é uma alegria poder vivenciar esse momento. Porque como eu trabalho com os jovens, ter esse momento de escuta, de tantas pessoas que já têm uma experiência vasta nesse assunto, nessa temática, e poder absorver um pouquinho também da escuta jovem, de como eles veem as juventudes, está sendo maravilhoso. Então, sou muito feliz de poder estar aqui.» (Tânia)
«Hoje aqui, escutando cada depoimento, escutando cada presença, eu tenho a certeza de que eu estou fazendo a minha missão, eu estou sendo a minha missão. Eu tenho profunda fé de que Dom Bosco tem me guiado, Maria Auxiliadora tem me amparado em todos os momentos […] E estar aqui, poder escutar e reafirmar isso dentro de mim só torna mais verdadeiro, mais significativo, […] porque o meu sorriso faz eles [os educandos] sorrirem pra mim, e o sorriso deles me faz ter a esperança no sonho da educação.» (Suelen)
« Eu saio daqui, do Congresso do Sistema Preventivo, com muita inspiração, querendo levar lá para a nossa comunidade o Sistema Preventivo de Dom Bosco como prática educativa. Ele mora no meu coração e com certeza fará parte de toda a nossa comunidade.» (Fabiana)
«Saio daqui desse congresso maravilhoso, com as energias renovadas, tivemos a oportunidade de fazer muitas partilhas, participar de oficinas maravilhosas, como por exemplo a das inteligências artificiais, o que é muito importante para termos esse olhar atento onde os nossos jovens estão inseridos.» (Elaine)
