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Ação Social da BAP participa de formação sobre escuta especializada e trabalho em rede

Nos dias 13 e 14 de maio, representantes das equipes técnicas das obras sociais da Inspetoria Nossa Senhora Aparecida (BAP), acompanhados da Coordenadora Inspetorial da Ação Social, Rose Gomes, participaram de uma significativa formação online sobre escuta especializada de crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência. Promovido pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, o curso reuniu profissionais do Sistema de Garantia de Direitos (SGD), que atuam na defesa, proteção e promoção da infância e juventude.

A formação teve como objetivo fortalecer práticas intersetoriais e qualificadas, que assegurem não apenas o cumprimento dos protocolos legais, mas, sobretudo, a escuta sensível, a escuta com o coração, que reconhece a dor, a história e a dignidade de cada criança e adolescente. Entre os temas abordados, estava a teoria do trauma, inspirada nos estudos do psicanalista Sándor Ferenczi e aprofundada por Francisco Farias, que destacou como as experiências de violência deixam marcas profundas no corpo e na subjetividade, afetando o desenvolvimento emocional e as relações de confiança. Nesse contexto, a humilhação social foi tratada como uma das formas mais devastadoras de vivência traumática, especialmente quando crianças e adolescentes são expostos a contextos de exclusão, discriminação e desamparo.

Outro eixo importante da formação foi a escuta como prática ética e pedagógica, inspirada na abordagem de Carla Rinaldi e na experiência das escolas de Reggio Emilia. A escuta, para além de técnica, é uma filosofia que reconhece a criança como sujeito de direitos. Escutar, nessa perspectiva, é suspender julgamentos, acolher o desconhecido, abrir-se à emoção e construir, junto com as crianças, significados e caminhos, legitimando sua existência e criando contextos que as reconheçam como protagonistas de sua própria história.

A importância do trabalho em rede também foi ressaltada, à luz do pensamento de Antônio Carlos Gomes da Costa, um dos principais redatores do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Para ele, garantir a proteção integral implica articular esforços entre família, sociedade e Estado, construindo uma verdadeira “teia de proteção social” que assegure direitos, fortaleça vínculos e promova o desenvolvimento integral de cada criança e adolescente. Essa visão reforça o papel das políticas públicas e dos serviços no enfrentamento das desigualdades e na promoção da justiça social.

A formação ainda trouxe reflexões mais amplas sobre o papel da democracia e da educação como projetos coletivos de transformação. A partir dos escritos de Marilena Chauí e Alessandro Serafin Octaviani Luis, foi possível compreender que a escuta das violências exige também escutar as estruturas que as produzem — os racismos, os silenciamentos, a miséria, a invisibilidade. Também Darcy Ribeiro, com sua concepção de educação como projeto de Nação.

Inspiradas pelo carisma salesiano e pelo Sistema Preventivo de Dom Bosco as obras sociais reafirmam, com esta participação, seu compromisso com a formação contínua, com a escuta humanizada e com a ação em rede. A escuta especializada, mais do que um procedimento técnico, é uma postura evangélica, que exige presença, empatia e responsabilidade com a história de cada criança e adolescente que chega até as obras sociais da BAP.

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